Presbiacusia: o que é, sintomas e tratamentos
A perda auditiva, em pessoas com 60 anos ou mais, normalmente resulta da perda natural de audição associada ao processo de envelhecimento, levando o nome de presbiacusia – podendo afetar ambos os ouvidos ao longo da vida. Essa deficiência auditiva, na maioria das vezes, inicia-se nas altas frequências, sons agudos.
A perda auditiva influencia significativamente a qualidade de vida de 600 milhões de pessoas, tornando-se um transtorno cada vez mais prevalente com o aumento da idade da população mundial. Neste conteúdo, vamos trazer informações sobre o que é a presbiacusia, suas causas, tipos e tratamento.
O que é a Presbiacusia?
A presbiacusia é caracterizada pela diminuição auditiva associada ao processo de envelhecimento, resultante de alterações degenerativas que se desenvolvem de maneira gradual, afetando elementos da cóclea, ou ouvido interno.
A presbiacusia é uma das causas mais prevalentes de deficiência auditiva, impactando um considerável número de indivíduos com 60 anos ou mais.
Quais são os sintomas da Presbiacusia?
Geralmente, a presbiacusia em pessoas idosas tem início na baixa percepção de sons agudos, sendo praticamente imperceptível nessa fase. À medida que progride, a pessoa passa a enfrentar desafios na audição e compreensão da fala, resultando frequentemente em queixas do tipo “consigo ouvir, mas não entendo” ou “a televisão está baixa”.
A capacidade auditiva humana abrange frequências entre 20 Hz e 20000 Hz, embora muitos adultos já não percebam frequências acima de 15000 Hz. Na presbiacusia, a perda auditiva é mais acentuada, afetando principalmente frequências acima de 2000 Hz (agudas).
Com a piora da Presbiacusia, a capacidade de ouvir frequências altas diminui progressivamente, afetando também as frequências médias e baixas associadas à fala humana. Em média, a comunicação humana utiliza frequências entre 250 Hz e 4000 Hz, com vogais em frequências médias e baixas e consoantes em altas frequências, algumas chegando a 8000 Hz.
Pacientes com perda auditiva em altas frequências muitas vezes enfrentam desafios para entender a fala, especialmente as consoantes, resultando em relatos de capacidade de ouvir, mas dificuldade de compreensão. A dificuldade auditiva é agravada em ambientes ruidosos, desafiadores, mascarando a fala propriamente dita.
Além disso, pessoas acima dos 60 anos com perda de audição, frequentemente apresentam uma hipersensibilidade a sons altos, o que torna gritar para falar uma tática nada eficiente.
A presbiacusia muitas vezes não é reconhecida e tratada prontamente devido ao início silencioso e ao estigma associado ao uso de aparelhos auditivos. O isolamento social e a depressão podem ser algumas das consequências se a condição não for tratada, especialmente quando há outras limitações funcionais.
O zumbido também pode ser um problema na presbiacusia, manifestando-se como um som difuso afetando os dois ouvidos ou percebido “dentro da cabeça”. Dificuldade na fala e no equilíbrio são outros sintomas que podem ocorrer.
Tipos e graus de Presbiacusia
A presbiacusia surge da interação entre fatores genéticos e elementos externos, acumulados ao longo da vida, configurando-se como um fenômeno multifatorial. A compreensão do envelhecimento nas estruturas neurais e na orelha interna possibilitou a categorização de diferentes tipos de presbiacusia, abrangendo quatro classificações:
Sensorial
A presbiacusia sensorial caracteriza-se pela redução abrupta da audição em frequências altas, originada pela atrofia do órgão de Corti, localizado na porção interna do ouvido. A perda auditiva começa em 2000 Hz, variando de 35 a 40 dB nas frequências mais elevadas, alcançando um estágio de severa a profunda.
Neural
A presbiacusia neural, por sua vez, manifesta-se pela diminuição do reconhecimento da fala e da discriminação auditiva, resultante da perda de neurônios cocleares. Nas frequências baixas, a perda auditiva é leve, enquanto nas mais altas, atinge graus severos a profundos.
Metabólica
A presbiacusia metabólica apresenta uma audiometria tonal plana com boa discriminação auditiva. A perda auditiva nas frequências baixas varia de leve a severa, enquanto nas altas, ocorre devido à variação da estria vascular, responsável pela manutenção da função celular na orelha interna.
Mecânica
A presbiacusia mecânica é caracterizada por uma configuração audiométrica descendente, causada pela rigidez da membrana basilar, que vibra conforme a frequência do som captado.
Causas da Presbiacusia
A diminuição da audição, relacionada ao envelhecimento, pode ser influenciada por diversos fatores ao longo da vida. Entender essas causas é crucial para preservar a saúde auditiva. Entre as principais causas do desenvolvimento da presbiacusia estão:
Envelhecimento natural: o simples passar dos anos pode afetar nossa capacidade auditiva. A presbiacusia está diretamente ligada ao envelhecimento, sendo uma condição comum em pessoas acima dos 60 anos.
Exposição prolongada a ruídos altos: ambientes ruidosos e exposição constante a barulhos intensos ao longo da vida podem contribuir significativamente. Proteger os ouvidos em situações barulhentas é essencial, seja no trabalho ou durante o lazer.
Fatores genéticos: a genética também desempenha um papel importante nos quadros de presbiacusia. Se há histórico familiar dessa condição, a atenção para a saúde auditiva deve ser redobrada.
Problemas vasculares: questões relacionadas à circulação sanguínea podem impactar diretamente na capacidade auditiva.
Exposição a substâncias tóxicas: alguns produtos químicos e substâncias tóxicas podem prejudicar a audição. Evitar exposição desnecessária a esses elementos é uma medida preventiva.
Doenças infecciosas: certas doenças infecciosas podem ter impactos negativos na audição. Manter a saúde em dia e buscar tratamento adequado para infecções sob orientações médicas é fundamental.
Medicamentos ototóxicos: Alguns medicamentos têm potencial ototóxico, o que significa que podem prejudicar a audição. Sempre informe seu médico sobre qualquer alteração na audição ao iniciar um novo tratamento.
Problemas no sistema imunológico: alterações no sistema imunológico podem contribuir para a presbiacusia. Manter um sistema imunológico saudável é crucial.
Diabetes: a diabetes, se não controlada, pode afetar negativamente a audição. Manter níveis adequados de glicose no sangue é vital para a saúde auditiva.
Alterações no sistema nervoso central: mudanças no sistema nervoso central também podem desencadear problemas auditivos. O cuidado com a saúde neurológica é parte integrante da prevenção.
Quais são os tratamentos para a presbiacusia?
A abordagem da presbiacusia envolve ações integradas para a reabilitação auditiva, embora a recuperação da audição perdida seja impossível. A reabilitação auditiva visa reintegrar a pessoa à comunicação, reduzindo o isolamento social e funcional gerado pela presbiacusia. O fonoaudiólogo desempenha papel crucial na indicação e aplicação de estratégias para minimizar os efeitos da perda auditiva.
Outra estratégia comum envolve o uso de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI), com uso orientado pelo fonoaudiólogo que irá avaliar o benefício dos diferentes tipos de aparelhos para a pessoa com presbiacusia. A adaptação adequada melhora a função comunicativa, a autoimagem do interlocutor e exige atenção para processar estímulos auditivos corretamente.
A participação familiar auxilia a adaptação ao tratamento, enquanto o fonoaudiólogo enfrenta o desafio de trabalhar as atitudes negativas em relação à deficiência auditiva, promovendo uma abordagem mais positiva para garantir a continuidade do tratamento. Além da ajuda em casa, seguir as orientações de um médico especialista é o mais recomendado para cuidar da capacidade auditiva.
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Referências:
CASTANHO, Andrea Viude. Fatores associados a presbiacusia em idosos. 2002. Tese (Doutorado em Epidemiologia) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. doi:10.11606/T.6.2002.tde-03022021-115831. Acesso em: 08/12/2023.MD.Saúde. Surdez no idoso (presbiacusia): causas e tratamento. Disponível em: https://www.mdsaude.com/otorrinolaringologia/surdez-idoso/#google_vignette. Acesso em: 08/12/2023.
Texto revisado por Thais Danelon, fonoaudióloga pela Universidade de São Paulo USP-Ribeirão Preto, Especialista em audiologia pelo CFFa, pós graduada pela USP-Bauru e UNICAMP. Proprietária e fonoaudióloga da Reviver Soluções Auditivas com mais de 11 anos de experiência no mercado de aparelhos auditivos.