Insônia em idosos: quais as causas e o que fazer

Insônia em idosos

A insônia é uma condição frequentemente subestimada, mas que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, especialmente em pessoas com 60 anos ou mais.

Com o envelhecimento, muitas alterações no padrão de sono ocorrem, e entender as causas e os tratamentos disponíveis é crucial para melhorar o bem-estar dessa população. 

Esta condição, quando afeta as pessoas idosas, não é apenas uma questão de dificuldade para adormecer ou manter o sono, mas envolve uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais.

O que é a insônia em idosos?

A insônia é definida como a dificuldade em iniciar ou manter o sono, ou a sensação de sono não restaurador, que ocorre pelo menos três vezes por semana e persiste por pelo menos três meses. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, essa condição é bastante prevalente.

Estima-se que os transtornos do sono afetem cerca de 50% dos idosos, e dentro desse grupo, a insônia se destaca, com uma prevalência variando entre 20% e 40%. Essa alta incidência reflete tanto as mudanças naturais associadas ao envelhecimento quanto a presença de condições de saúde que podem agravar os problemas de sono.

Conforme envelhecemos, a arquitetura do sono — que inclui o ciclo de diferentes estágios de sono profundo e leve — se altera. Com o tempo, a quantidade de sono profundo diminui, enquanto despertares noturnos se tornam mais frequentes. Essas mudanças podem levar à percepção de uma qualidade de sono insatisfatória, contribuindo para a insônia.

Como a insônia em idosos é diagnosticada?

Como a insônia em idosos é diagnosticada?

O diagnóstico de insônia em pessoas idosas envolve uma avaliação clínica detalhada, que inclui a análise dos padrões de sono, histórico médico e uma revisão dos medicamentos em uso. Uma ferramenta comum usada por profissionais de saúde é o diário do sono, no qual o indivíduo registra seus horários de sono e despertar, além de eventuais despertares durante a noite. Esse diário ajuda a identificar padrões e possíveis fatores desencadeantes da insônia.

Além disso, questionários específicos, como o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), podem ser utilizados para avaliar a gravidade dos problemas de sono. Em casos complexos, pode ser necessário realizar uma polissonografia, um exame que monitora a atividade cerebral, movimento dos olhos, respiração e outros parâmetros durante o sono, para descartar a presença de distúrbios do sono como a apneia obstrutiva.

Causas da insônia em idosos

A insônia em idosos pode ser desencadeada por uma variedade de fatores. Entre as principais causas, estão:

Alterações nos padrões de sono devido ao envelhecimento

Com o envelhecimento, o corpo passa por diversas mudanças que afetam a qualidade do sono. A produção de melatonina, o hormônio que regula o ciclo sono-vigília, diminui, o que pode dificultar o adormecer. Além disso, o ciclo de sono fragmentado, com despertares frequentes, se torna mais comum, prejudicando o descanso noturno.

Condições médicas como dor crônica ou problemas respiratórios

A dor crônica, comum em condições como artrite, e problemas respiratórios, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), podem dificultar o sono. A dor intensa ou a dificuldade para respirar durante a noite faz com que a pessoa tenha dificuldade em adormecer ou mantenha um sono contínuo, levando à insônia.

Uso de medicamentos que interferem no sono

Muitos idosos recorrem a múltiplos medicamentos, e alguns deles podem interferir no sono. Diuréticos, por exemplo, aumentam a necessidade de urinar durante a noite, causando despertares frequentes. Outros medicamentos, como corticosteroides e antidepressivos, podem causar agitação ou insônia como efeitos colaterais.

Distúrbios do sono como apneia do sono ou síndrome das pernas inquietas

A apneia do sono, caracterizada por interrupções temporárias da respiração durante o sono, é bastante prevalente entre pessoas com 60 anos ou mais e está fortemente associada à insônia. A síndrome das pernas inquietas, que causa um desejo incontrolável de mover as pernas, especialmente à noite, também pode contribuir para a dificuldade em manter o sono.

Estresse, ansiedade ou depressão

A saúde mental desempenha um papel significativo na qualidade do sono. Estresse, ansiedade e depressão são condições que podem causar insônia. O estresse, em particular, ativa o sistema nervoso simpático, aumentando o estado de alerta e dificultando o relaxamento necessário para adormecer.

Mudanças no ambiente de sono como ruído ou luz excessiva

Com a idade, as pessoas se tornam mais sensíveis a fatores externos que podem interromper o sono. Ruídos, luzes excessivas ou um ambiente de sono desconfortável podem dificultar a manutenção de um sono contínuo e reparador.

Consumo de cafeína, álcool ou nicotina antes de dormir

Essas substâncias podem interferir no sono de diversas maneiras. A cafeína é um estimulante que pode prolongar o tempo para adormecer, enquanto o álcool, embora possa induzir sonolência inicial, interfere nos estágios mais profundos do sono, levando a despertares noturnos. A nicotina, por sua vez, tem um efeito estimulante que pode dificultar o sono.

O que fazer para tratar a insônia em idosos?

O que fazer para tratar a insônia em idosos?

O tratamento da insônia em idosos envolve uma abordagem multifacetada, que pode incluir mudanças comportamentais, ajustes no ambiente de sono e, em alguns casos, intervenções médicas.

Terapia comportamental cognitiva para insônia (TCC-I)

A TCC-I é uma das abordagens mais eficazes para tratar a insônia. Essa terapia ajuda o indivíduo a identificar e modificar pensamentos e comportamentos que contribuem para a insônia. Técnicas como controle de estímulos, que envolve associar a cama apenas ao sono, e a restrição do tempo na cama, são comumente usadas.

Estabelecer uma rotina de sono regular

Manter um horário consistente para dormir e acordar, mesmo nos finais de semana, ajuda a regular o relógio biológico. Isso cria um padrão de sono mais estável e pode reduzir a dificuldade em adormecer.

Criar um ambiente de sono confortável e tranquilo

Um ambiente de sono ideal deve ser escuro, silencioso e com temperatura confortável. O uso de cortinas blackout, tampões de ouvido ou máscaras de sono pode ser útil para minimizar as perturbações externas.

Evitar cochilos longos durante o dia

Embora cochilos curtos possam ser benéficos, cochilos longos, especialmente à tarde, podem interferir no sono noturno. Assim, limitar a duração dos cochilos a 20-30 minutos e evitar cochilar no final da tarde são práticas recomendadas.

Limitar o consumo de cafeína, álcool e nicotina antes de dormir

Evitar o consumo dessas substâncias nas horas que antecedem o sono é essencial para melhorar a qualidade do sono. Além disso, em alguns casos, pode ser necessário eliminar o uso dessas substâncias para reduzir a insônia.

Praticar técnicas de relaxamento

Técnicas de relaxamento, como a meditação, exercícios de respiração profunda e a prática de mindfulness, podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, preparando o corpo e a mente para o sono.

Exercícios físicos regulares durante o dia

A prática regular de exercícios físicos é benéfica para a saúde geral e para o sono. No entanto, é importante evitar exercícios vigorosos perto da hora de dormir, pois eles podem ter um efeito estimulante.

A insônia em idosos é um problema multifatorial que requer uma abordagem abrangente para seu tratamento. Compreender as causas subjacentes e implementar estratégias eficazes pode ajudar a melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, a qualidade de vida. A insônia não deve ser vista como uma consequência inevitável do envelhecimento, mas como uma condição tratável que merece atenção.

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Referências

Biblioteca Virtual em Saúde. Qual o tratamento farmacológico da insônia no idoso? Disponível em: https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-farmacologico-da-insonia-no-idoso-2/.

Acesso em: 15/08/2024.Clínica Paulo Casali. O que pode causar insônia na terceira idade e como evitá-la? Disponível em: https://paulocasali.com.br/o-que-pode-causar-insonia-na-terceira-idade-e-como-evita-la/. Acesso em: 15/08/2024.

Texto revisado por:
Dra Manuelina Macruz Brito
Médica Neurologista especialista em distúrbios do movimento e cognição
Responsável Técnica do Instituto DÖPU

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