Etarismo: como identificar a discriminação na sociedade?
O que é o etarismo?
O etarismo é o preconceito contra pessoas com base em sua idade. Assim como o racismo e o sexismo, o etarismo envolve julgamentos e tratamento diferenciado devido à idade de uma pessoa. Pode ocorrer tanto em relação aos mais jovens (chamado de ageismo jovem) quanto em relação aos mais velhos (chamado de ageismo idoso).
O etarismo pode manifestar-se de várias maneiras, incluindo estereótipos negativos associados a determinadas faixas etárias, discriminação no local de trabalho com base na idade, falta de oportunidades educacionais para certas faixas etárias, entre outros. Essa forma de discriminação é prejudicial, pois pode limitar as oportunidades e contribuir para a exclusão social com base na idade.
Quais os impactos causados pelo etarismo?
O etarismo tem diversos impactos negativos, incluindo:
Isolamento Social
Pode contribuir para o isolamento social de pessoas mais velhas, à medida que são marginalizadas e excluídas de atividades sociais, oportunidades e interações significativas.
Problemas de Saúde Mental
O estigma associado à idade pode levar a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, especialmente quando as pessoas mais velhas se sentem desvalorizadas ou ignoradas.
Acesso Limitado a Oportunidades
Pode restringir o acesso a oportunidades de emprego, educação e serviços de saúde, limitando o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas mais velhas.
Violência e Abuso
O etarismo pode contribuir para o aumento dos riscos de violência e abuso contra pessoas idosas. Isso porque o desrespeito e a negligência podem ser exacerbados quando baseados em preconceitos relacionados à idade.
Impacto na Saúde Física
A discriminação relacionada à idade pode influenciar negativamente a saúde física das pessoas mais velhas, pois o estresse resultante do estigma pode contribuir para problemas de saúde.
Autoestima e Autoeficácia
O etarismo pode impactar negativamente a autoestima e a autoeficácia das pessoas mais velhas, levando, assim, a uma menor confiança e menor participação na sociedade.
OMS Global Report on Ageism (2021)
O idadismo prejudica a nossa saúde e o bem-estar e constitui um grande obstáculo à formulação de políticas e ações eficazes em envelhecimento saudável, como foi reconhecido pelos Estados-Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Estratégia Global e No Plano de Ação sobre Envelhecimento e Saúde, e na Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030).
Em resposta, a OMS foi convidada a lançar com seus parceiros uma campanha global de combate ao idadismo, que inclui este relatório. Este relatório, elaborado pela OMS, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas e pelo Fundo de População das Nações Unidas, destina-se a formuladores de políticas, profissionais, pesquisadores, agências de desenvolvimento e membros do setor privado e da sociedade civil.
Após definir a natureza do idadismo, resumimos as melhores evidências sobre a escala, os efeitos e os determinantes do idadismo, e as estratégias mais eficazes para reduzi-lo. O relatório conclui com três recomendações para ações baseadas em evidências para criar um mundo para todas as idades.
Etarismo: exemplos de discriminação etária
Oportunidades de Emprego
Se uma pessoa é negada uma oportunidade de emprego com base na sua idade, isso pode ser um exemplo de etarismo. Isso pode acontecer tanto com pessoas mais jovens quanto mais velhas.
Estereótipos
Se há estereótipos negativos associados a pessoas de determinada faixa etária, isso pode levar a tratamento discriminatório. Por exemplo, assumir que todos os idosos são incompetentes ou que todos os jovens são inexperientes.
Assédio no Local de Trabalho
Comentários depreciativos sobre a idade de alguém ou a exclusão de indivíduos mais jovens ou mais velhos no local de trabalho podem indicar etarismo.
Políticas Discriminatórias
Políticas que excluem certos grupos etários ou que são formuladas de maneira a favorecer apenas um grupo etário podem ser consideradas etarismo.
Mórris Litvak, CEO e fundador da MaturiJobs, plataforma focada na empregabilidade e desenvolvimento de pessoas maduras no mercado de trabalho, afirma:
“Talvez, o primeiro passo seja mudar a cultura. No Brasil, temos uma cultura voltada para o jovem. O Brasil é um país que envelhece muito rápido, mas não se enxerga assim. A França levou quase 100 anos para dobrar o número de idosos, nós estamos levando 20 e tantos. Esse ritmo acelerado faz com que a mudança no perfil etário seja mais veloz que a resolução de questões básicas de saúde, de infraestrutura e, também, de mercado de trabalho. Não existe uma estrutura pensada para acomodar essas mudanças e isso é grave. As empresas estão longe de priorizar esse tema, pois acreditam que lidar com o público 50+ é uma escolha que ela pode ou não fazer. Só que não é. A questão não é se a empresa vai fazer algo sobre isso, mas quando vai. Porque o crescimento acelerado da população acima dos 50 já é uma realidade.”
É importante esclarecer que idade não determina habilidade. Sendo assim, pessoas mais velhas não são melhores nem piores que pessoas jovens, e sim grupos complementares para o desempenho das atividades do negócio, através de visões e perspectivas plurais de um mesmo assunto. A educação continuada é uma prática crítica para a maioria dos profissionais, independentemente da idade – portanto, não se pode presumir que uma pessoa mais velha não esteja familiarizada com as ferramentas, tecnologias e práticas mais recentes.
Medidas a serem tomadas contra o etarismo
Em se tratando do etarismo profissional ligado aos 50+, uma série de medidas podem ser tomadas a fim de contornar a barreira do preconceito.
Veja algumas sugestões:
Consciência e Educação:
- Esteja ciente do etarismo e seus efeitos. Eduque-se sobre a importância da diversidade etária.
- Compartilhe informações sobre o impacto positivo de equipes multigeracionais e como diferentes faixas etárias podem contribuir para um ambiente mais rico e produtivo.
Desenvolvimento de Habilidades:
- Mantenha-se atualizado com as tendências e tecnologias relevantes para sua área de atuação.
- Demonstre disposição para aprender e adaptar-se a novas práticas e metodologias, desmistificando estereótipos relacionados à idade.
Network e Mentoria:
- Construa uma rede de contatos diversificada, que inclua pessoas de diferentes faixas etárias.
- Procure mentores de diferentes idades. A troca de experiências entre gerações pode ser valiosa para o desenvolvimento profissional.
Demonstre Valor:
- Foque em suas habilidades, experiências e conquistas ao se apresentar em entrevistas de emprego ou em situações profissionais.
- Mostre como sua experiência pode ser um ativo, complementando as habilidades de colegas de diferentes idades.
Advocacia e Participação Ativa:
- Participe de grupos e organizações que promovam a diversidade e combatam o etarismo.
- Esteja disposto a ser um defensor ativo da igualdade, destacando a importância da inclusão de todas as idades.
Mantenha uma Atitude Positiva:
- Mantenha uma atitude positiva e aberta em relação a diferentes gerações. Evite cair em estereótipos negativos relacionados à idade.
Busca por Empresas Inclusivas:
- Dê preferência a empresas que valorizam a diversidade e promovem um ambiente inclusivo, independentemente da idade.
Políticas e Legislação:
- Esteja ciente das políticas e leis que protegem contra a discriminação por idade em seu país e esteja preparado para agir caso ocorram violações.
Lembre-se de que a mudança cultural pode levar tempo, mas ao adotar essas práticas, você pode contribuir para quebrar barreiras e promover um ambiente mais inclusivo e justo.
É muito importante entender que o etarismo deve ser combatido também, de dentro para fora. Ou seja, fazer uma autoavaliação honesta para verificar se você mesmo (a) não está se auto sabotando ao abrir mão de projetos profissionais, sonhos e desejos de toda ordem, com a desculpa da idade. “Já estou muito velho (a) para isso!” é uma frase que muitas pessoas têm a tendência de proferir sem pensar duas vezes. Não caia nessa cilada!
Os acompanhamentos psicológicos podem te auxiliar a se manter longe desse tipo de crença prejudicial. A Bem te quero+ oferece uma série de profissionais super qualificados. Não deixe o etarismo prejudicar você sob nenhum ponto de vista.
Aposte na sua saúde, autoconhecimento e amor próprio, siga as recomendações deste artigo e vamos juntos combater o preconceito de idade.
Texto revisado por: Julia De Stéfani Cassiano, Médica Oncologista Clínica pela Universidade de São Paulo USP-SP Co-Fundadora da Bem te quero 60+. CRM 157519-SP