Depressão em idosos: sintomas, fatores de risco e como tratar
A depressão é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas de todas as idades no mundo, mas possui características e impactos distintos quando se manifesta em pessoas idosas.
Os maduros são frequentemente negligenciados quando se fala em saúde mental, se fazendo necessário um olhar mais cuidadoso e específico para diminuir o subdiagnóstico, devido à sua associação com o envelhecimento. O diagnóstico precoce da condição pode ajudar a evitar que os sintomas se agravem antes de receberem tratamento adequado.
Este artigo visa esclarecer sobre os sintomas da depressão nas pessoas idosas, identificar fatores de risco e apresentar algumas opções de tratamento disponíveis, com o intuito de promover uma melhor qualidade de vida e bem-estar.
O que é a depressão em idosos?
A depressão é uma doença mental caracterizada por um humor persistentemente deprimido e uma perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, afetando a capacidade diária de uma pessoa.
Naqueles acima dos 60 anos, esses sintomas podem ser confundidos com o processo natural de envelhecimento ou ainda com outras condições médicas, tornando o diagnóstico um desafio.
Com isso, a orientação médica é necessária, pelo fato da depressão poder apresentar consequências severas, deteriorando a saúde mental e física.
Fatores de risco e causas da depressão em idosos
A depressão é uma condição complexa influenciada por uma variedade de fatores de risco biológicos, psicológicos e sociais. Percebê-los pode auxiliar na prevenção, diagnóstico e tratamento adequado. Entre os fatores de risco mais comuns estão:
1. Solidão e isolamento social
O isolamento social é uma das principais causas de depressão entre os maduros. Muitas vezes, essa condição é intensificada pela perda de cônjuges e amigos, além da distância física ou emocional da família. A falta de interações sociais regulares agrava o sentimento de solidão e pode levar a uma deterioração gradual da saúde mental, tornando as pessoas idosas mais suscetíveis à depressão.
2. Perda de entes queridos
A perda de pessoas próximas é um evento que pode desencadear períodos prolongados de luto e depressão. Este impacto é intensificado se a pessoa dependia emocional ou fisicamente da pessoa que faleceu, deixando um vazio que pode ser difícil de preencher.
3. Problemas de saúde crônicos
Doenças como cardiopatias, diabetes e demência podem ser fatores contribuintes para o desenvolvimento da depressão. O estresse crônico e as limitações físicas impostas por essas condições podem resultar em um estado depressivo, afetando a qualidade de vida e a autonomia.
4. Diminuição da independência e autonomia
A perda de independência é um fator desencadeante para a depressão. Isso pode ocorrer devido a limitações físicas ou quando há necessidade de cuidados constantes, levando ao sentimento de inutilidade ou ao medo de ser um fardo para outros.
5. Mudanças significativas na vida, como aposentadoria
A aposentadoria é uma transição que pode afetar a autoestima e o propósito de vida daqueles com 60 anos ou mais. A falta de uma rotina diária e a perda de um papel social podem levar a sentimentos de vazio e depressão.
6. Preocupações financeiras
A insegurança financeira é um fator de estresse que pode precipitar a depressão, especialmente se a pessoa não possui uma rede de apoio adequada. A preocupação constante com as finanças pode se tornar um fardo emocional.
7. Conflitos familiares
Desavenças ou a falta de apoio de membros da família podem acentuar sentimentos de isolamento e tristeza, agravando o estado de saúde mental.
8. Declínio cognitivo
O declínio nas habilidades cognitivas passa a complicar o dia a dia e pode aumentar a frustração e a confusão mental, elementos associados ao desenvolvimento da depressão.
9. Histórico pessoal ou familiar de depressão
A predisposição genética para a depressão é um fator importante. Se o maduro ou sua família têm um histórico de depressão, isso pode aumentar a probabilidade de desenvolver a condição.
10. Uso de medicamentos que afetam o humor
Certos medicamentos prescritos para outras condições podem ter efeitos colaterais que incluem sintomas depressivos. Portanto, é preciso realizar a gestão da medicação junto a um médico, para minimizar esses efeitos e promover um equilíbrio saudável no tratamento de condições coexistentes.
Sintomas de depressão em idosos
A depressão após os 60 anos é uma condição complexa que pode ser difícil de diagnosticar, pois seus sintomas frequentemente se misturam ou são confundidos com outras condições médicas, ou até mesmo considerados parte do processo normal de envelhecimento.
Entre os sintomas mais comuns estão a tristeza persistente e um humor deprimido, que são contínuos e impactam as atividades do dia, desde hobbies a interações sociais. Alterações no apetite ou no peso também são frequentes, manifestadas como perda ou ganho de peso não intencionais, ou uma mudança nos hábitos alimentares, como uma súbita falta de apetite.
Os padrões de sono podem ser perturbados, com alguns idosos experimentando insônia ou dormindo excessivamente. A fadiga ou a perda de energia é outro sintoma comum, no qual o indivíduo se sente constantemente cansado sem um motivo aparente. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva sobre questões normalmente não problemáticas também são indicativos de depressão, assim como a irritabilidade ou agitação sem uma causa clara.
Outro aspecto a ser considerado são os sintomas físicos sem causa clínica aparente, como dores de cabeça, dores crônicas ou problemas digestivos, que não respondem a tratamentos convencionais e podem ser manifestações da depressão.
Quais são as formas de tratamento da depressão em idosos?
A depressão é uma condição tratável, e uma variedade de intervenções terapêuticas podem ser empregadas para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Algumas das principais abordagens utilizadas incluem:
1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma das formas mais eficazes de tratamento psicológico para a depressão em diferentes faixas etárias. Esta abordagem ajuda os pacientes a reconhecer e mudar padrões de pensamento e comportamentos negativos. Ao modificar esses padrões, os maduros podem melhorar sua percepção sobre a vida e reduzir os sintomas depressivos.
2. Terapia de grupo
A terapia de grupo oferece um ambiente de suporte onde é possível compartilhar experiências e desafios com outros que enfrentam problemas similares. Esse método proporciona um senso de comunidade e pertencimento, reduzindo a sensação de isolamento e solidão que muitas vezes acompanha a depressão.
3. Terapia interpessoal
Focada nas relações pessoais do paciente, a terapia interpessoal ajuda a identificar e alterar comportamentos que contribuem para a depressão. Ao melhorar a comunicação e resolver conflitos, esta abordagem fortalece o suporte social e as relações, aspectos fundamentais para a melhoria do estado emocional.
4. Medicamentos antidepressivos
O uso de medicamentos antidepressivos pode ser eficaz no tratamento da depressão, mas deve ser gerenciado com cautela. Devido ao risco de interações medicamentosas e a sensibilidade a efeitos colaterais, o tratamento com antidepressivos deve ser rigorosamente supervisionado por um médico.
5. Exercícios físicos regulares
Exercícios podem auxiliar na melhora do humor por meio da liberação de endorfinas e outras substâncias químicas cerebrais benéficas, além de promover uma melhor qualidade do sono e reduzir o estresse.
6. Atividades de lazer e hobbies
Encorajar os maduros a se envolverem em atividades de lazer e hobbies pode ser uma estratégia eficaz para combater a depressão. Essas atividades podem proporcionar prazer e satisfação e oferecerem oportunidades para socialização e expressão criativa, elementos que contribuem para a melhoria do estado de ânimo.
7. Suporte familiar e social
O apoio de familiares e amigos ajuda no tratamento da depressão. O envolvimento e a compreensão da família podem auxiliar a pessoa a se sentir valorizada e apoiada, acelerando o processo de recuperação.
8. Terapia ocupacional
A terapia ocupacional ajuda a recuperar ou manter a independência por meio da participação em atividades. Este tipo de terapia é benéfica para aqueles que sofreram perdas de autonomia e podem ajudar a restaurar a sensação de utilidade e propósito.
9. Estimulação cognitiva
As técnicas de estimulação cognitiva são projetadas para melhorar o funcionamento cognitivo. Isso pode incluir atividades que estimulam a memória, a atenção e outras funções cerebrais, auxiliando no combate dos efeitos do declínio cognitivo que pode acompanhar ou intensificar a depressão.
10. Técnicas de relaxamento
São práticas que ajudam a reduzir a tensão muscular e mental, promovendo uma sensação de calma e bem-estar. Entre as mais utilizadas, destaca-se a respiração profunda, que envolve inspirações lentas e profundas pelo nariz, seguidas de expirações pelo nariz ou pela boca, ajudando a diminuir a frequência cardíaca e a reduzir a ansiedade.
11. Meditação
É uma prática milenar que envolve foco e atenção plena, promovendo o relaxamento mental e emocional. Existem várias formas de meditação, cada uma com seus benefícios específicos.
12. Mindfulness
É uma forma de meditação focada na plena atenção ao momento presente. Envolve atenção plena na respiração, focando na sensação do ar entrando e saindo do corpo, utilizando a respiração como âncora para o momento presente.
A abordagem ideal para tratar a depressão dos seniores geralmente envolve uma combinação dessas terapias, adaptadas às necessidades e situações específicas de cada pessoa.
Como prevenir a depressão em idosos?
Existem algumas estratégias que podem auxiliar na prevenção da depressão nos maduros, como a promoção de atividades sociais e comunitárias, a prática regular de exercícios físicos e a manutenção de uma dieta saudável. Estas são atividades importantes não só para quem já tem o diagnóstico, mas também para evitar um possível quadro depressivo.
O acompanhamento médico regular é essencial para as pessoas idosas para monitorar e gerenciar quaisquer condições de saúde subjacentes que possam contribuir para o desenvolvimento ou agravamento da depressão. O apoio emocional, mantendo relacionamentos significativos e participando de atividades sociais, ajuda a reduzir o isolamento, melhora o bem-estar e previne a depressão.
Conclusão
A depressão é uma condição grave que requer atenção especializada e compreensiva. É necessário identificar os sintomas precocemente e abordar os diversos fatores de risco integradamente. As estratégias de tratamento variam de terapias psicológicas a intervenções médicas, cada uma adaptada às necessidades individuais do maduro.
A procura por ajuda profissional e o suporte contínuo de familiares e amigos para enfrentar essa condição precisa ser encorajada, visando a melhoria da qualidade de vida e a promoção de um envelhecimento saudável.
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Referências
Portal Drauzio Varella. Depressão em idosos: fatores de risco, sintomas e tratamento. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/depressao-em-idosos-fatores-de-risco-sintomas-e-tratamento/. Acesso em: 07/05/2024.
Jornal da USP. Pesquisa do IBGE aponta que idosos são mais afetados pela depressão. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/pesquisa-do-ibge-aponta-que-idosos-sao-os-mais-afetados-pela-depressao/. Acesso em: 07/05/2024.
Texto revisado por:
Maria Carolina Fontana Antunes de Oliveira
Neuropsicóloga
Mestre em Neurociencias (USP)
Teaching Assistant I – PPCR Program (Harvard School of Public Health)