Recolocação no mercado de trabalho: O desafio enfrentado pelos profissionais maduros
Continuar trabalhando mesmo após a aposentadoria tem sido a realidade para muitos brasileiros que buscam um complemento de renda ou apenas desejam se manter ativos profissionalmente. Porém, para essas pessoas, há um novo desafio à frente: a recolocação no mercado profissional. De acordo com o estudo Envelhecimento da Força de Trabalho no Brasil, feito pela Fundação Getúlio Vargas e consultoria PWC, apenas 1% dos cargos em mais de uma centena de empresas no Brasil são ocupados por pessoas com mais de 65 anos. Além disso, 70% das empresas que responderam à pesquisa acreditam que profissionais maduros são mais caros, 69% responderam que eles não se adaptam bem às mudanças e 63% os veem como acomodados por conta da aposentadoria.
Esses dados escancaram como o etarismo (preconceito baseado na idade) ainda é uma grande questão a ser discutida no país. Por aqui, as empresas não possuem políticas de recursos humanos capazes de reter ou qualificar pessoas maduras para o trabalho. O profissional, após uma idade, é visto como descartável. Em outros países, a realidade é bem diferente – na Alemanha, por exemplo a BMW (fabricante de carros), adaptou linhas de montagem especialmente para funcionários com mais de 55 anos. Essa situação virou um estudo de caso mundial e gerou bons resultados: em muitas situações as linhas de montagem adaptadas registraram produtividade superior à de outras estações de trabalho nas fábricas. O programa foi repetido em mais unidades do país e também nos Estados Unidos e Áustria.
A mentalidade das empresas no Brasil difere bastante da Europa em relação aos profissionais maduros – enquanto lá 50% das empresas possui ações para atrair, engajar e reter pessoas de mais idade, aqui esse número é de apenas 21%, segundo um estudo de cultura corporativa da Top Employers Institute. Os programas de estágio ou trainee das empresas geralmente são voltados para jovens, excluindo todo o conhecimento e valor que pessoas de mais idade podem agregar por conta da sua experiência. Este fator é também um retrato da sociedade brasileira, onde pessoas maduras não são valorizadas e não possuem nenhum tipo de suporte ou apoio social.
Pensando nessa dificuldade enfrentada por pessoas de mais idade na hora de buscar emprego, a plataforma Maturi foi criada no ano de 2015. O propósito é ligar profissionais 50+ a oportunidades de trabalho e de desenvolvimento pessoal. Para o CEO da empresa, “A Maturi entende que, gerando oportunidades para as pessoas mais maduras poderem continuar trabalhando, aprendendo, ensinando, se motivando e inspirando, promovemos a saúde e o bem-estar social”. Para se cadastrar, é fácil: primeiro é preciso preencher informações básicas, como nome e data de nascimento, por exemplo. Depois disso, a pessoa é direcionada a uma segunda parte do cadastro, onde precisa fornecer dados sobre histórico profissional, graduação, área de interesse. A partir dessas informações, a ferramenta faz um cruzamento entre o perfil dos interessados e as vagas disponibilizadas pelas empresas parceiras.
O mercado brasileiro perde incontáveis talentos e histórias com essa desvalorização dos profissionais maduros. As empresas que apostam no recrutamento desses trabalhadores através de programas de treinamento já estão em vantagem em um cenário onde a população com 60 anos ou mais cresce de maneira mais rápida do que os grupos etários mais jovens.
Olá boa noite. Meu nome é Vilma Cecilia Matarozzi Diamantino. Gostei muito do texto, infelizmente, as empresas não dão o crédito que merecemos. Já fiz vários cursos, desde que parei de trabalhar. Terminei em 2021 curso Técnico em Recursos Humanos pela Etec, agora, em 2022 comecei Técnico em Marketing, também pela Etec. Mas estou frustrada, pois não encontro oportunidade para um recomeço. Vou continuar mandando meu currículo, acredito que uma porta se abrirá. Obrigada, abraços.