Muito tempo sentado pode estar relacionado ao diabetes?

O estilo de vida moderno fez com que em poucas décadas diminuíssemos drasticamente a quantidade de movimento que executamos diariamente. A tecnologia trouxe inúmeras facilidades, tornando nossa vida muito mais prática. Mas para esse bônus, tivemos o ônus de diminuir o movimento, algo que é muito importante para nossa saúde. A chegada da pandemia, nos impondo um isolamento social, tornou o sedentarismo ainda mais presente, levando muitas pessoas a ficarem restritas ao ambiente doméstico, em home-office e fora das atividades ao ar livre ou de lazer.

Estamos permanecendo sentados mais do que nunca e poucos prestam atenção no quanto se sentam ao longo do dia. Você já parou para avaliar o tempo que fica sentado durante seu dia? Pare um momento para pensar sobre todas as razões pelas quais nos sentamos. Em primeiro lugar, você provavelmente está sentado enquanto lê isto. Algumas das atividades sentadas mais comuns incluem comer refeições; dirigir; falar no telefone; usar um computador, televisão ou smartphone; e ler. 

O que acontece no nosso organismo enquanto estamos sentados?

Quando ficamos sentados por longos períodos sem se levantar, os grandes músculos das pernas que suportam peso permanecem inativos. Se não são requisitados há diminuição do uso dos açúcares e gorduras que estão disponíveis na corrente sanguínea, o que já pode levar a uma maior chance de aumento de peso corporal e aparecimento de doenças metabólicas, como diabetes. Ocorre também redução do fluxo sanguíneo nas artérias dos membros inferiores, que a longo prazo podem danificar. A longo prazo, pesando no processo de envelhecimento, essas lesões provavelmente contribuem para doenças cardíacas e arteriais. Além disso, quando os músculos das pernas permanecem em repouso por longos períodos, há uma diminuição da circulação sanguínea na região, o que pode também aumentar o risco de coágulos sanguíneos ou trombose venosa profunda. 

Atualmente, o adulto idoso médio gasta entre 56% e 86% do dia sedentário. Isso é muito tempo sentado!!!!! Mas a boa notícia é que se levantar e movimentar pode interromper esses processos.

Você já ouviu falar do termo padrões de sentar ?

Os padrões de sentar descrevem como as pessoas permanecem sentadas ao longo do dia. Há basicamente dois tipos de padrões de sentar:

1) Aquelas pessoas que geralmente ficam sentadas por longos períodos, raramente se levantando. Chamamos isso de padrões prolongados de sentar.

2) pessoas que raramente ficam paradas, que se levantam regularmente depois de ficarem sentadas por curtos períodos. Para estes últimos dizemos que são pessoas que interrompem os padrões de sentar. 

E você, onde se encaixa no espectro do padrão sentado?

Os padrões de sentar são importantes para a saúde metabólica. Estudos observacionais, verificaram que adultos com padrões prolongados de sentar tem circunferência abdominal maior, IMC mais alto e apresentam menor quantidade de gorduras boas no sangue, maior quantidade de gorduras ruins e níveis mais altos de açúcar em comparação com adultos com padrões mais ativos, que interrompem o padrão sentado frequentemente, ou seja, o que ficam menos tempo sentados.

Pesquisas recentes compararam o metabolismo de açúcar e gordura entre indivíduos com os dois padrões de sentar. Os resultados mostraram que em dias com padrões prolongados de sentar, o corpo não consegue metabolizar gorduras ou açúcar tão bem quanto em dias com padrões de sentar interrompidos (pausas ativas durante o tempo que se faz uma atividade sentada). A pressão arterial e a fadiga também foram maiores nos dias com sentar prolongado em comparação com os dias com padrões interrompidos.

Esses estudos laboratoriais inovadores forneceram fortes evidências de que os padrões de sentar tiveram um efeito imediato sobre como o corpo processa gorduras e açúcar, também conhecido como metabolismo. Isso levou à ideia de que os padrões prolongados de se sentar ao longo da vida podem contribuir para doenças metabólicas como o diabetes na vida adulta. Uma vez que o diabetes pode levar muito tempo para se desenvolver, essa questão não pode ser testada em um laboratório. Daí veio a ideia de desenvolver uma nova pesquisa, verificando se os padrões de sentar estão relacionados ao diabetes.

E como foi feita essa pesquisa? Foram recrutadas mais de 6.000 mulheres com idades entre 65-99 de um grupo de atendimento em Saúde da Mulher e foram medidos seus padrões sedentários por sete dias usando monitores de atividade. Juntou-se a isso mais de 20 anos de registros de saúde detalhados, incluindo diagnóstico prévio de diabetes.

Como esperado, o grupo com os padrões de sedentarismo mais prolongados apresentou o maior número de mulheres com diabetes. O grupo com os padrões mais interrompidos teve o menor número de mulheres com diabetes.

Esses são os primeiros indícios, demonstrados cientificamente, e que nos trazem ideias de estudos futuros, ainda mais esclarecedores. Por enquanto, existe certa evidência de que mudar seus padrões de sentar possa fornecer proteção contra o diabetes, especialmente se as sessões longas de sentar sempre forem interrompidas com atividades leves ou, melhor ainda, atividades de intensidade moderada, conforme recomendado pela American Diabetes Association.

Aqui na Bem te quero 60+, temos profissionais que podem te ajudar a se movimentar mais:

Este artigo foi retirado e adaptado do portal: www.bluezones.com

Artigo adaptadado por: Juliana Schulze
Doutora em Psicologia Social pela PUC-SP
Mestre em Ciências da Saúde pelo Departamento de Disfunções Miccionais Femininas – Urologia da Unifesp
Professora do curso de Fisioterapia da PUC-São Paulo
Graduada em Fisioterapia pela USP
Graduada em Educação Física pelas Faculdades Metropolitanas Unidas
Especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP

Fonte: 

Sitting and diabetes in older adults: Does timing matter?

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